Apresentação

A primeira razão que nos levou a propor esta acção de formação prende-se com o facto da oferta de acções nem sempre ir ao encontro das necessidades formativas deste ensino especializado. O facto do formador ser professor do ensino artístico especializado de música (disciplina de História da Cultura e das Artes) permite-lhe ter uma noção dessas mesmas necessidades e, ao mesmo tempo, conseguir propor um plano de formação transversal aos vários grupos de recrutamento considerando fundamental que os docentes dos vários grupos estejam munidos de informação acerca dos vários contextos estéticos, históricos e sociais que envolveram a produção de uma determinada obra musical não se limitando a fazer uma abordagem somente técnica para execução da mesma. Esta formação pretende ser um contributo para um melhor conhecimento de obras musicais onde música desempenhou um papel fundamental na passagem de uma mensagem quer política, quer de sarcasmo, quer de uma outra qualquer temática, mas sempre como forma de intervenção. É de realçar, desde já, que este movimento não se limita, de todo, ao nosso período revolucionário. É também importante dar a conhecer o resultado de investigações que têm sido efectuadas por musicólogos, nestes últimos anos, que se referem às obras compostas com este intuito tantas vezes ouvidas de forma superficial mas cheias de conteúdo político e de protesto. Estas obras e estes contextos são muitas vezes completamente desconhecidas do grande público e, infelizmente, também da maioria dos professores do Ensino Artístico Especializado.

Destinatários

Professores dos grupos de recrutamento 250, 610 e Ensino Especializado M1 ao M36 e M38

Releva

Para os efeitos previstos no n.º 1 do artigo 8.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Professores dos grupos de recrutamento 250, 610 e Ensino Especializado M1 ao M36 e M38. Mais se certifica que, para os efeitos previstos no artigo 9.º, do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores (dimensão científica e pedagógica), a presente ação releva para efeitos de progressão em carreira de Professores dos grupos de recrutamento 250, 610 e Ensino Especializado M1 ao M36 e M38.

Objetivos

A Acção de Formação proposta permitirá aos docentes, independentemente do seu instrumento, poderem fazer uma abordagem na sua disciplina menos centrada somente na componente técnica mas podendo, paralelamente, contextualizar musicologicamente melhor os conteúdos abordados com os seus alunos. Para cada tema e compositor abordado, e em sintonia com as necessidades específicas dos formandos, serão dadas algumas ferramentas que os mesmos poderão utilizar ao longo das suas aulas assim como preparação de materiais específicos e adequados ao repertório e conteúdos abordados. Após esta Acção de Formação os docentes estarão munidos de um maior conhecimento de repertório e de compositores que escreveram especificamente com estes intuitos tendo compreendido todo a mensagem contida nestas músicas.

Conteúdos

MÓDULO 1 - Os conceitos de “música de intervenção” e/ou “música de protesto” Duração: 4 horas Pretende-se neste módulo discutir conceitos, tantas vezes “abstractos” e com significados tão diferentes ao longo da história da música. Terá o mesmo significado o conceito de música de intervenção e o conceito de música de protesto? As temáticas e a sua diversidade vai para além de questões politizadas. A música de intervenção sempre existiu ao longo da história da música até aos dias de hoje. Pretende-se fazer precisamente uma resenha cronológica ao longo da história da música e deste a Idade Média. Referência ao trabalho desenvolvido pelo Instituto de Etnomusicologia e o Observatório da Canção de Protesto. MÓDULO 2 - As canções mais emblemáticas do movimento revolucionário em Portugal e os seus autores Duração: 4 horas Neste módulo pretende-se abordar o nome de diversos autores desde José Afonso, Manuel Freire, Francisco Fanhais, Luís Cília, José Mário Branco, Sérgio Godinho, José Jorge Letria, GAC e tantos outros e os contextos e significados das suas canções mais emblemáticas. MÓDULO 3 - A Canção Política em Portugal e no mundo Duração: 4 horas Neste módulo pretende-se dar a conhecer vários movimentos políticos e revolucionários, em vários países, onde a canção de protesto teve a sua importância. Dar a conhecer os seus diversos autores e as suas obras é o principal objectivo neste módulo. MÓDULO 4 - Fernando Lopes-Graça e “Marchas, Danças e Canções” Duração: 4 horas Breve resenha biográfica do compositor Fernando Lopes-Graça e a sua vertente política, como compositor contestatário ao regime e a sua principal obra, dentro desta estética “Marchas, Danças e Canções”. Os poetas envolvidos nesta música coral e os vários dissabores que esta obra trouxe à sua carreira. Análise das principais obras corais que fazem parte desta colectânea. MÓDULO 5 - A música de protesto na história da música mais recuada Duração: 4 horas Neste módulo pretende-se fazer alusão a obras tão distantes referindo a título de exemplo o compositor Joseph Haydn (1732-1809) que compõe A Sinfonia N.º 45 “Sinfonia do Adeus” – também ela uma sinfonia de protesto. Também se pretende abordar o compositor Dmitri Schostakovitch (1906-1975) e a sua complexa relação com o governo soviético. As suas “sinfonias de guerra” e outras obras polémicas e censuradas. As canções de escárnio e maldizer também elas canções de protesto. Referência à obra - A Arte e a Revolução” de Richard Wagner. MÓDULO 6 - Avaliação Duração: 5 horas A avaliação será feita através de um trabalho proposto de acordo com a área de formação do avaliado

Metodologias

A tipologia das aulas será teórico/práticas. Recorrendo, o mais possível, às ferramentas áudio-visuais será feito um percurso pelas várias obras compostas e autores abordados em cada Módulo. Aquando o início da Acção de Formação será feito um levantamento dos grupos disciplinares presentes e, na medida do possível, feita uma abordagem que vá directamente ao encontro das necessidades específicas de cada um dos grupos de recrutamento participante na acção. Serão facultadas obras específicas e partituras disponíveis, sempre que possível, aos vários grupos disciplinares. Serão fornecidos materiais diversos e modelos de apresentação de conteúdos aos participantes para que os mesmos os possam utilizar e adaptar aos diversos contextos e necessidades.

Avaliação

A Avaliação deverá ter em conta a frequência da Acção de Formação, a produção de materiais e/ou trabalhos em contexto escolar e apresentação de uma Reflexão Crítica Individual que refira as mais valias dos conteúdos abordados na sua prática educativa, de acordo com o Modelo sugerido. A classificação será na escala de 1 a 10 com a menção qualitativa de acordo com o despacho no 4595/2015, do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar 1 a 4,9 valores - Insuficiente; 5 a 6,4 valores - Regular; 6,5 a 7,9 valores - Bom; 8 a 8,9 valores - Muito Bom; 9 a 10 valores - Excelente. Os formandos serão avaliados de forma contínua com base nos indicadores abaixo apresentados e respetiva ponderação: - Participação - Assiduidade e pontualidade, interesse e empenho (30%) - Produção de Trabalhos e/ou Materiais em contexto escolar (50%) - Reflexão crítica (20%) A avaliação dos/as formandos/as depende da frequência mínima de 2/3 das horas de formação síncrona. A avaliação dos Formandos decorre em conformidade com o Regime Jurídico da Formação Contínua, nº2 do artº do ECD, aprovado pelo Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de janeiro e a carta circular CCPFC-3-2007-Setembro.

Modelo

Inquérito de Satisfação da Ação de Formação

Bibliografia

- GROUT, Donald. História da Música Ocidental. Gradiva, Lisboa, 1994. - RAPOSO, Eduardo M., Canto de Intervenção. Público, Lisboa, 2005. - LETRIA, Jorge, A Canção Política em Portugal, Lisboa, 1978. - Edições PCP, As Palavras Resistentes - - Homenagem a Fernando Lopes-Graça, Lisboa, 2006. - WAGNER, Richard, A Arte e a Revolução, Antígona, Lisboa, 2000.

Formador

António Manuel da Luz Neves Cardo

Cronograma